Hoje, 3 coisas que mudaram a nossa maneira de entender o ato de amamentar.
1. O conceito de Livre Demanda:
Li o resumo de um capítulo do livro Un Regalo Para Toda La Vida, escrito pelo famoso pediatra espanhol, Dr.Carlos González. Ele explica que essa história de marcar o tempo e intervalos entre as mamadas é uma invenção moderna. Historicamente, a livre demanda era uma prática simplesmente comum entre as mães, recomendadas pelos médicos ou sem nenhuma recomendação, já que amamentar não era doença, então não era assunto muito discutido. No século XX, os médicos começaram a recomendar horários, mesmo assim, não eram seguidos. E de uns tempo pra cá, as visitas ao pediatra começaram a se tornar regulares e o novo conceito começou a ser aderido culturalmente e hoje é difundido amplamente pelos nossos pais, avós, tios, vizinhos, outros parentes, hospitais...
Particularmente, acredito que a partir do momento em que começaram a divulgar a ideia de criar a rotina para bebês, o objetivo de 'liberar' um pouco os pais, diminuir o cansaço, salvar casamento... As coisas se misturaram. Veja bem, eu não me oponho à rotina. A gente se dá! Só que, o que eu percebo é que o conceito de LD ficou embaraçado e ainda é erroneamente confundido com os horários pré definidos. Segundo o dr González, isso não se encaixa com LD, são horários flexíveis. E ainda, existe a ideia da 'cultura idependente' para os bebês e eu acho que tudo isso acaba complicando de certa forma.
Amamentar com liberdade.
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- Não marcar tempo;
- Não determinar horários para as mamadas;
- Não se preocupar se faz 5 minutos ou 1 hora que o bebê mamou e agora quer de novo, tanto faz;
- Satisfazer a necessidade de succção /alimentação;
- Não esperar o bebê chorar de fome. O choro é um sinal tardio de fome;
- Não só quando o bebê quer...Mas quando a mãe quer também.
Livre Demanda é tipo... LIVRE! hahaha! Abundante! É nessa liberdade que eu entendi quão bom é amamentar minha filha. É assim que ela sabe que pode se achegar a mim sempre que quiser e precisar. Não existe horário marcado para ter o meu colo, meu leite, nem tempo de duração.
Os benefícios são inúmeros. Se me pedissem para escolher dois motivos para praticar LD, seria difícil pra caramba... Mas acho que escolheria estes:
♥ É a melhor maneira de garantir a produção de leite;
♥ É a melhor maneira de garantir o desenvolvimento e ganho de peso do bebê de forma saudável.
Tudo o que as mães querem, não é ?!
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2. Como funciona a Produção de Leite Materno:
[Pausa]
Ninguém sentou comigo para ensinar essas coisas. Talvez você pense:
"Mas não seria mais fácil apenas amamentar? Muita teoria pra algo tão simples!"
Eu acredito que sim, se amamentar fosse realmente uma prática valorizada e incentivada honestamente.
Ninguém sentou comigo para ensinar essas coisas. Talvez você pense:
"Mas não seria mais fácil apenas amamentar? Muita teoria pra algo tão simples!"
Eu acredito que sim, se amamentar fosse realmente uma prática valorizada e incentivada honestamente.
Numa cultura como a nossa, em que o uso de bicos e leites artificiais é incentivado massivamente - e por consequência o desmame precoce - precisamos de mais motivos para dar o peito. O natural foi esmagado pelo artificial e hoje as pessoas precisam ser convencidas de que apenas leite humano é suficiente para o bebê de 0-6 meses, por exemplo.
Escolhi 5 pontos sobre a produção de LM, que se todas as lactantes tivessem em mente, seriam mais confiantes e com certeza amamentariam mais.
- A primeira coisa que a gente precisa ter em mente é que não temos uma quantidade de leite estocado nas mamas e que isso vai acabar um dia. Nós temos uma fábrica de leite materno em nós e essa fábrica funciona o tempo todo, principalmente em LD - aí ela funciona melhor ainda.
- A segunda, é que grande parte do leite materno é produzida NA HORA DA MAMADA (cerca de 80%);
- A terceira, é que a sucção do bebê regula a produção de leite materno;
- A quarta, é que uma dieta equilibrada e a ingestão de líquidos, auxilia na produção de leite;
- A quinta, é que situações adversas como estresse, dor, desconforto, insegurança, medo... Podem afetar a produção de leite. O bebê que não mama também ---> a produção diminui.
Algumas considerações:
Que o LM é o melhor alimento e o mais completo para o bebê todo mundo sabe. Mas acho legal apontar que ele faz mais. O LM protege o bebê de alergias, doenças, tem ação imunizante, facilita a digestão e pode sim ser considerado um tipo de remédio natural para o bebê. Leite fraco não existe e ponto final. Mas a alimentação da mãe é bem importante.
Uma pergunta clássica:
Mas porque existem bebês que mamam, mamam, mamam e não ficam saciados?
Um caso clássico:
Daí, a mãe decide dar fórmula e quase que imediatamente o bebê tranquiliza e dorme feito anjo.
Bem, vários pontos precisam ser analisados. Alguns:
- Esse bebê mama em livre demanda?
- Ele está passando por um Salto de Desenvolvimento ou um Pico de Crescimento?
- A mãe consegue amamentá-lo satisfatoriamente? A pega está certa?
- Ele consegue mamar?
- O bebê tem o 'freio' da língua curto?
- Chora durante a mamada? Fica irritado?
- Há sinais de refluxo?
- Existem outros sinais diferentes que parecem ser negativos?
De um modo bem grosseiro de dizer, o leite artificial é como se fosse uma feijoada. Ele é grosso, 'pesado' e assim como a gente fica super satisfeito de comer uma pratada de feijão, os bebês saciam-se imediatamente com LA. E o que acontece com a gente logo após de comer a feijoada? Dá uma canseira.... uma "soneira".... Os bebês sentem o mesmo e ca-po-tam. A explicação vale para os dois casos: O organismo todo foca em fazer a digestão. Uma grande quantidade de sangue é bombeado para o sistema digestivo poder trabalhar. E aí a gente dorme facinho!
O leite materno pode parecer ralo mas não é. Ele tem água suficiente para o bebê, o que torna dispensável a ingestão de chás, sucos e água (antes dos 6 meses principalmente!). Proteínas, lipídios, lactose, minerais, calorias são alguns dos componentes do LM.
Uma pergunta clássica:
Mas porque existem bebês que mamam, mamam, mamam e não ficam saciados?
Um caso clássico:
Daí, a mãe decide dar fórmula e quase que imediatamente o bebê tranquiliza e dorme feito anjo.
Bem, vários pontos precisam ser analisados. Alguns:
- Esse bebê mama em livre demanda?
- Ele está passando por um Salto de Desenvolvimento ou um Pico de Crescimento?
- A mãe consegue amamentá-lo satisfatoriamente? A pega está certa?
- Ele consegue mamar?
- O bebê tem o 'freio' da língua curto?
- Chora durante a mamada? Fica irritado?
- Há sinais de refluxo?
- Existem outros sinais diferentes que parecem ser negativos?
De um modo bem grosseiro de dizer, o leite artificial é como se fosse uma feijoada. Ele é grosso, 'pesado' e assim como a gente fica super satisfeito de comer uma pratada de feijão, os bebês saciam-se imediatamente com LA. E o que acontece com a gente logo após de comer a feijoada? Dá uma canseira.... uma "soneira".... Os bebês sentem o mesmo e ca-po-tam. A explicação vale para os dois casos: O organismo todo foca em fazer a digestão. Uma grande quantidade de sangue é bombeado para o sistema digestivo poder trabalhar. E aí a gente dorme facinho!
O leite materno pode parecer ralo mas não é. Ele tem água suficiente para o bebê, o que torna dispensável a ingestão de chás, sucos e água (antes dos 6 meses principalmente!). Proteínas, lipídios, lactose, minerais, calorias são alguns dos componentes do LM.
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3. O Controle da Composição do Leite Materno:
Isso foi uma das coisas mais legais que já aprendi na vida, quando eu achei que já tinha lido um monte, descobri que estava na ponta do iceberg.
Eu já sabia que o bebê regula a quantidade de leite através da sucção. Daí eu aprendi que ele também controla a composição do leite que precisa no momento, pela forma de mamar.
Vamos lá:
Muito de nós ouvimos falar sobre 2 tipos de leite: o leite 'do começo' e o leite 'do fim'. O primeiro é mais fraquinho e o segundo mais 'forte'. Pois bem, a verdade é que:
- Não existem 2 tipos de leite, e sim que a quantidade de gordura (calorias) aumenta gradualmente durante a mamada. A concentração de gordura chega a ser 5x maior 'no fim' da mamada do que no início;
- O tempo se dá pela velocidade que o bebê mama. Pode ser que em 5 minutos ele tenha mamado tudo o que precisa, bem como pode ser que ele precise de 20 minutos ou mais. Quando o bebê fica satisfeito ele pára. Isso significa que se a mãe tira o peito sem que o bebê queira, então é bem provável que ele não mamou tudo o que precisava naquele momento;
- Quanto mais o bebê mamar, maior será a quantidade de gordura ingerida, contribuindo para o ganho de peso;
[e a gordura que ficar no peito? Será diluída no novo leite]
- Passar para o segundo peito durante a mamada: É claro que a concentração de gordura será menor no início. Mas, se o leite não é o mesmo qual seria o melhor? Quando tirar de um peito e colocar no outro? Não sabemos. Não há como medir quanto mls de leite já foram tomados, o quanto de nutrientes tem nesse leite, ou melhor, o quanto o meu ou o seu bebê precisa em determinado momento, não sabemos com exatidão quanto de leite cabe no estômago do bebê... Não dá pra medir a velocidade da mamada... E muito menos relacionar a quantidade ingerida com o tempo, uns mamam depressa, outros devagar...
Resumindo, o que sabemos (comprovado cientificamente), é que os bebês dispõem de 3 mecanismos para modificar a composição do leite:
1. A duração da mamada;
2. A frequência das mamadas;
3. Mamar um peito ou dois.
Sim, os bebês decidem o quanto querem mamar, por quanto tempo e se vão mamar nos dois peitos ou apenas um.
Depois de aprender tudo isso, eu relaxei e deixei fluir... E a Carol tem engordado super bem! Não preciso ficar preocupada, se estou 'entupindo' a Carol de leite ou se ela está mamando pouco, por exemplo.
Eu tentei resumir os conceitos ao máximo, são muitas coisas pra lembrar. Ao fim de mais um mês, o resultado na balança - um ganho de peso excelente - e uma bebê pra lá de esperta, confirmou nossa escolha como a melhor que poderia ser.
Hey mãe,
Quero destacar que eu tenho consciência da dificuldade que outras mães tem em amamentar. Muitas não conseguem/conseguiram como gostariam. Ainda precisam lidar com a pressão que muitas vezes vem da própria família, dos médicos e aos poucos vão desistindo. Eu seria muito errada em julgá-las. Mas eu também sei, que dificilmente uma mãe NÃO pode amamentar. Há casos e casos, que devem ser analisados com cuidado e diagnosticados com base em evidências. Meu objetivo aqui é trazer uma luz para quem está com dificuldade, para quem está se preparando para amamentar, conhecimento nunca é demais. Busque apoio, vá ao banco de leite, encontre uma consultora nutriz, faça pesquisa, entre em grupos como o GVA... Você é mais capaz do que imagina! Um abraço.